Lembra de quando você teve sua primeira paixão da adolescência? Lembra de como você tinha a mais plena certeza de que NINGUÉM NO MUNDO já tinha se sentido daquela forma? Que NINGUÉM poderia entender a magnitude daquele sentimento tãããão bom? E lembra de quando você “desgostou” do primeiro amor e vieram o segundo, o terceiro, o quarto… que foram tão ou até mais especiais? Então. Isso só prova que tudo o que a gente sente a esmagadora maioria das pessoas já sentiu parecido. De bom e de ruim. Caso contrário, como você poderia ser “Par Perfeito” daquela galera toda?
As desilusões seguem a mesma lógica. Pensa no primeiro término de namoro. Aquele fim do qual parecia que você nunca iria se recuperar. NINGUÉM poderia entender o tamanho do seu sofrimento… até que você e seus amigos passaram por ele umas 300 vezes. Foi aí que você começou a notar um padrão, não? Começou a perceber que seus sentimentos são bem parecidos com os dos seus amigos. O que você não imaginava ainda é que também são extremamente similares aos de pessoas que você nem conhece.
Quando eu era concurseira eu achava que SÓ EU esquecia matéria, chorava, tinha dificuldade com cercas bancas, conseguia a proeza de errar um monte de questões que tinha acertado um mês antes. A ÚNICA DO BRASIL que sofria por não ter nenhuma garantia no processo, que passava raiva com perguntas inconvenientes de conhecidos, que perdia a fé de vez em quando. SÓ EU, GABI, que achava o material de estudo caro, que ficava arrasada quando eu comparava minha vida com a dos outros e que dava sangue, suor e lágrimas diariamente para me sentir um fracasso toda noite que não batia meta. SÓ EU lia devagar, me embolava para manter as revisões em dia. SÓ EU quase enfartava com notícias falsas de que o edital tinha saído antes do previsto. Eu me achava MUITO ESPECIAL! Não especial no sentido de melhor do que os outros. Especial no sentido de que eu achava meus sentimentos ÚNICOS. Não eram. Não são. Não serão.
Daí eu passei e me tornei professora de vocês. Eu sempre recebi muitos emails com dúvidas e milhares com desabafos. Para minha surpresa, a “voz” em cada email soava exatamente como a minha anos atrás. Daí eu me tornei coach em 2013 e fiquei mais perto ainda de vocês. Mergulhada na realidade dos meus coachees e bem perto da realidade dos que me leem e me escrevem. Foi aí que tive a mais absoluta convicção de que – mesmo com todas as particularidades – SOMOS TODOS IGUAIS. O que você sente seu concorrente também sente. Desde a euforia do “acho que vai dar pé” até o medo de “concurso não é para mim”.
Quer outra prova de que – graças a Deus – não somos especiais? Alguns de vocês ficam chocados com alguns artigos e juram que eu tenho poderes mediúnicos. Na verdade, eu não adivinho o que vocês sentem. Eu só conto o que EU senti. E sabe porque vocês gostam de ler artigos assim e se sentem amparados e mais tranquilos? Porque percebem que NÃO SÃO ESPECIAIS. Que o que sentem é legítimo, não um delírio/frescura/fraqueza. Você sente o que qualquer ser humano sentiria no seu lugar. Situações parecidas. Sentimentos parecidos.
Fica tranquilo. Você não é PIOR OU MAIS FRACO do que ninguém. Em tempos de instagram com postagem de carga horária de estudo do dia, você compara sua realidade à realidade parcial (a escolhida para ser exposta) do outro. Essa concorrência sim é desleal. Eu que estou “nos bastidores” te conto a real: TODOS VOCÊS, eu, os auditores da Receita, os Juízes Federais, seu vizinho sem noção, sua prima chata, o primeiro lugar no concurso… SOMOS TODOS IGUAIZINHOS. Ainda bem, né?
Beijo!
Gabi