E se eu te dissesse “estude 3 anos com bastante disciplina que eu te dou uma vaga legal no serviço público”? O que você faria de diferente do que faz agora?

E se não houvesse prova? Se você apenas tivesse que comprovar os estudos, o número de questões resolvidas, o tempo que passa memorizando lei seca, a assiduidade das revisões, os estudos nos fins de semana (com direito a bônus por estudo em sábados de sol e domingos de churrasco)? Você estudaria com mais afinco, com mais motivação, SE A VAGA FOSSE UMA CERTEZA?

Quando você faz faculdade tem um grande fator motivador: o diploma. Você sabe que sem o bendito canudo a vida será MUITO mais difícil e as oportunidades serão mais escassas. Você frequenta as aulas, não extrapola o limite de faltas, entrega os trabalhos e se prepara para as provas. O processo é longo! Pelo menos quatro anos de esforço concentrado. Observe que muita gente que começa a faculdade se forma. Por que então pouca gente que começa a estudar consegue ultrapassar alguns míseros meses e já joga a toalha? A pessoa sabe se esforçar. Tem experiência em estudar. O que há de tão diferente no concurso que bota tanta gente para correr?

Primeiro porque na faculdade você tem um monte de coaches. Sim, os professores são como coaches. Eles determinam metas de volume (matéria dada) e aferem resultados (provas). O horário definido de aulas diariamente não tem nada de diferente de um cronograma de estudos. Assim, você tem um sistema muito similar ao acompanhamento de um bom coach já prontinho te esperando. Você não precisa pensar em como estudar. Só precisa seguir o fluxo pré-determinado e fazer sua parte. Isso elimina um bocado de stress. Imagina se você tivesse que planejar o horário de cada aula, o que estudaria dentro de cada matéria…? Já ia complicar bastante.

Segundo, todo mundo espera que você se forme – inclusive você. Ninguém fica te perguntando “já formou?” com tom debochado. Isso porque a formatura não é tida com uma meta irreal ou inatingível. Formatura é presumida. Concluir a faculdade é algo que não se discute. Vai concluir e pronto. Não ter margem para dúvida é ótimo. Não te deixa alternativas senão continuar. Isso é um grande fator motivador.

No concurso não temos nada disso. É você se jogando na vida e rezando para não se estatelar no chão. Repare:

A faculdade te dá tudo de bandeja. No começo do estudo para concurso, você não sabe nem para onde vai. Como criar cronograma, estabelecer uma rotina de concurseiro, equilibrar vida pessoal e estudo, organizar revisões, descobrir qual é seu jeito de aprender (e manter na cabeça) um volume tão grande de material.

Outra diferença é que a faculdade não tem uma prova do fim do curso sobre tudo o que aprendeu (exceto no caso do Direito, que tem a prova da Ordem). Imagine se pudesse “quebrar“ a prova do concurso? A cada semestre você estudaria 20% do conteúdo, faria prova e ficaria livre. Não seria MUITO mais fácil do que saber tudo ao mesmo tempo?

Na faculdade o povo torce a favor. No concurso, contra. Agora todo mundo te fala que passar é impossível. Que você não vai conseguir. A aprovação não é tida como certa. A norma é não passar. Assim, você já entra no jogo com a sensação de estar perdendo de 10 a 0.

– Na faculdade há rede de proteção. No concurso, só tem o chão mesmo. Ou você voa, ou você cai. NÃO HÁ GARANTIAS. Você pode estudar lindamente para um certame e não passar. Não vai nem ter prêmio de consolação. Não dá para fazer prova depois só das matérias em que você se saiu mal. Você não reprova por matéria. Reprova em bloco. 100% de decepção. Isso é um grande desestímulo.

A parte da falta de direcionamento a gente pode driblar. Você pode contratar um coach ou aprender o caminho das pedras sozinho. Quanto ao povo falando, com o tempo você aprende a abstrair. Sabe o que é realmente duro? Lidar com a falta de garantias.

A falta de garantia tem uma consequência bastante nociva: Ela faz você estudar menos. Sabe a pergunta lá do início? Aposto que a resposta é sim. Quando você não tem certeza, usa isso como desculpa para justificar qualquer furo no cronograma. Você pode nem perceber, mas o fator incerteza é o culpado por seus vários “migués”.

Todo mundo morre de medo de se esforçar sem retorno. Isso não é problema. A questão é tornar-se CONSCIENTE de que esse temor afeta suas decisões. Temos centenas de vendas em nossos olhos. Uma atrás da outra. A gente nem percebe isso. E nem vou falar das lentes erradas, desfocadas que usamos para perceber o mundo. Sabe qual é a maior loucura disso? Tomamos decisões assim!!! Olha que perigo!

A solução? Adivinha! Auto-conhecimento. Questionar-se e refletir sobre as razões que te fazem agir como age tiram as vendas uma a uma e acertam o foco das lentes. Sem ele, vivemos às cegas. Hoje você aprendeu o tamanho do medo que tem da incerteza e o papel dele em suas decisões. Tire essa venda e agora reanalise o entorno. Está vendo as mesmas coisas? Sentindo as mesmas vontades e impulsos? Acho que não! A incerteza precisa ser aceita para que você possa seguir de olhos abertos e atentos. Cuide agora para quem nem um minuto de estudo seja perdido com o impulso “vou estudar menos, já que não tenho certeza. Assim, se não passar, não vai doer tanto, não terei me esforçado em vão”. CORAGEM, CRIATURA! Você não vai morrer de desgosto caso reprove. Relax! Você é mais resistente do que pensa.

Sabe o que é legal? Se você aprende a conviver com a incerteza e ela não mais baliza suas decisões, você será mais você do que nunca. Você na sua essência. Não você com o filtro da insegurança. E se você sobrevive ao concurso (com todas as dores, esforços e obstáculos), sobrevive a qualquer coisa. Se o mundo acabar, vão sobrar as baratas e – com certeza – você. A gente fica MUITO MAIS safo na vida depois de passar certos perrengues. Eles têm muito valor. Pouca coisa te assusta ou estressa depois que você é aprovado. O pior já passou.

Pessoal, para retomar o exemplo acima: Faculdade é treino. Concurso é jogo. Agora é vida real, sem rede de proteção. Quem é “calouro” entende o susto. Quem é veterano entende a dor. Todo mundo entende a necessidade. Vá estudar. O tempo URGE! 

Beijo!

Gabi

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