Você é guiado pelo medo?

Pergunto assim mesmo, sem rodeios. Fico abismada em notar quantos dos meus alunos sentem um verdadeiro pavor diante da exposição das próprias fragilidades. Não só para o mundo, mas para si mesmos. Ora, se você não tem consciência dos pontos fracos, como driblá-los? Dar as costas para o problema só vai facilitar um ataque por trás, sorrateiro, sem chance de defesa. Mas a vontade de ignorar a questão é tão imensa que você acha que a maior vulnerabilidade ao ataque inesperado é um preço justo a se pagar pela falsa segurança que sente ao se proteger.

Alguns exemplos práticos para ficar bem claro do que eu estou falando. Digam se qualquer semelhança é mera coincidência:

CASO 1 – Você tem um cronograma a seguir. Ele é claro: você precisa fazer uma prova de Português essa semana. Pois bem, o que você faz? Lê mil textos sobre como fazer a prova. Afinal, você precisa “se preparar”, “afiar o machado”. O tempo de estudo se esvai, a prova não é feita. Mas ler sobre como fazer provas conta como estudo, né? Então está tudo ok.

CASO 2 – Você se planeja para estudar Direito Constitucional. Sabe que fazer muitas questões é CRUCIAL para que tenha chances de aprovação. Você lê o capítulo, você faz um resumo, um mapa mental lindo e colorido (que você gostou hooooras pintando)… mas questão que é bom, nunca “dá tempo”. Você faz qualquer coisa, menos enfrentar aquela bateria de questões. Mas não tem problema: você leu a matéria, fez o resumo. Logo, fez sua parte. Então está tudo ok.

CASO 3 – Sai um concurso bastante similar ao seu concurso-sonho. Oportunidade de ouro para testar não só seus conhecimentos, mas também colocar o equilíbrio psicológico à prova. Você se inscreve? Não. Afinal, vai atrapalhar o cumprimento do seu cronograma naquele fim de semana. Uau! Super esforçado você, hein! Nada atrapalha seu estudo. Nem o concurso! Mas está tudo ok… você vai ficar em casa para estudar. Pena que justo naquele fim de semana você “teve que ir” ao churrasco, à praia e ao cinema – tudo isso com a forte sensação de que deveria era estar naquela sala de prova. Notou que em dia de concurso para o qual você poderia (e – muitas vezes – deveria) ter se inscrito seu estudo misteriosamente não rende?

Sabe por que você age assim? Porque está com medo. Na verdade, está aterrorizado. Quando alguém fala de um concurso com você e pergunta se vai se inscrever, sente-se imediatamente acuado. Gente mais intrometida! Mas você está com medo de quê, afinal? O que aquela prova ou bateria de questões tem que consegue te desestabilizar tanto?

Vou escancarar, tá?

Você está com medo de constatar que foi mal. Na verdade, que foi péssimo. Que – diferente do que acreditou secretamente a vida toda – não é lá tão brilhante nem especial. Não tem taaanta facilidade como imaginava. Ver-se lá na rabeira do cadastro de reserva, ou pior, nem dar as caras por lá, vai ser um golpe por demais duro na sua frágil autoestima. Descobrir que o sonho pode estar mais longe do que pensava e que – consequentemente – há muito chão pela frente pode doer mais do que você desconfia que consegue suportar.

Teme não se recuperar do baque de uma reprovação. E nada mais anti-reprovação do que não aparecer para fazer prova! Você perde por WO, mas não perde guerreando. Assim, não fica comprovado que você não conseguiu. Você continua sem saber como de fato está nas matérias. Fica sem saber se falta muito ou pouco para passar. A dúvida é melhor do que a certeza da dificuldade.

Já ouviu que o ser humano só faz as coisas para ter prazer ou evitar a dor? Você tá no time do “evitar a dor”. Veste a camisa e tudo… e nem percebe! Para você, meu amigo ou minha amiga, tenho más notícias: NO PAIN, NO GAIN! Sem dor, sem ganho! Simples assim!

Sabe para onde o medo te leva? Para a zona de conforto! E o que tem lá? Sucesso? Não! CONFORTO! Nada além de conforto. E olha que nem é aquele aconchego e coração tranquilo advindos da missão cumprida. O descanso merecido do guerreiro! Nãããão! É um conforto misturado com culpa e uma enorme pulga atrás da orelha. O estudo está suave demais… e você pressente o desastre à frente. Afinal, o silêncio precede a tempestade. Está tudo maravilhoso no seu mundo protegido das dores e decepções. Você estuda como quer, quando quer, não faz questões, não faz concursos-teste. Até que sua prova chega! Daí, meu amigo e minha amiga, o silêncio acalentador se transforma em uma ruidosa tempestade. Seu mundinho fica devastado! Seu ego fica sob os escombros! O sossego era tão agradável quanto frágil! E por essa você não esperava… O esperava e não fez nada quanto a isso?

Além de puxar a orelha e estimular a reflexão, quero te dar um conselho: Dê a si mesmo um pouco de crédito!!! Você é mais forte do que pensa. Não vai ter depressão porque reprovou. Nem vai achar que o mundo acabou, ou que nunca vai passar. Não vai jogar seus sonhos, esforço e investimento para o alto porque a vida lhe deu uma rasteira. A vida ainda vai te dar MILHARES de rasteiras! Saber reprovar com cabeça erguida e coração tranquilo é uma das coisas MAIS IMPORTANTES que você vai aprender nessa vida. Porque a vida é cheinha de reprovações, de todo tipo, das mais variadas fontes. É cheia de dores, decepções e imprevistos. De redirecionamentos de rotas. Mas também de surpresas, alegrias e sucessos. Se você não se joga, nada de ruim acontece. Nem de bom!

Acredite: VAI FICAR TUDO BEM! Você é forte, você supera! Vai doer? Vai! Mas também vai valer a pena! CORAGEM!

Beijos e bons estudos!

Gabriela

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