Quem dá muita sorte nessa vida nasce no Castelo da Cinderela. Ele é protegido por muros altos e dentro dele há tudo o que você precisa para ter uma vida feliz. Os camponeses trabalham para manter o castelo funcionando com perfeição. Do alto da imensa torre, você não consegue ver os camponeses em dificuldades fora do castelo. Os de dentro são só sorrisos para você. A vida é maravilhosa, leve.
Os poucos passeios que você realizados fora do castelo são feitos com óculos cor de rosa. Os problemas fora do castelo não são vistos e – se por acidente ficam expostos – os óculos cumprem a função de amenizar sobremaneira a realidade.
E assim crescemos. Cheios de segurança, amor, provimentos e Danoninho. Abraços, beijos e assopros no joelho ralado (seu maior problema na vida).
O castelo é realmente uma beleza. Tão bom, mais tão bom, que não dá vontade de sair dele. O problema é que a vida no castelo costuma ser temporária. É que ele implica limitações. Onde não há riscos, não há avanços, não há crescimento, não há vitórias. E uma hora isso começa a incomodar a maioria das pessoas. Começa a dar uma curiosidade de tirar os óculos cor de rosa durante os passeios. Abrir a caixa de Pandora é uma tentação conforme a gente cresce.
Tem gente que não sente nada disso. Ama o castelo. Não sai por nada. Prefere as limitações aos riscos. Quando tiram os óculos por 1 segundo não gostam nada do que veem e também se sentem paralisados para lidar com a realidade. A segurança vale mais do que o crescimento. A vontade de mudar a dura realidade nada cor de rosa é abafada pelo medo ou pelo egoísmo compreensível de proteger-se antes de tudo.
Outros saem do castelo para explorar o mundo. Sem óculos. Peito aberto. Uma das consequências é uma vontade danada de voltar. A realidade é dura e o castelo era cheio de MAGIA. Com o amadurecimento parte dela costuma ir embora, ou se reconfigurar. Há ganhos, mas há essa perda. Não dá mais para voltar, para fechar a Caixa de Pandora. Não dá para deixar de ver o que viu, saber o que sabe, sentir o que sente.
Um meteoro bateu no meu castelo e o transformou em pó há alguns anos. Eu não queria sair, mas sabia que meus dias nele estavam contadinhos. Eu ainda não queria dar tchau. Contudo, às vezes coisas acontecem em nossa vida que estilhaçam os óculos cor de rosa e reduzem o castelo a pó. Só resta explorar o mundo. Velei o castelinho uns 2 anos para ser honesta. Até sonhava com ele repetidas vezes. Eram sonhos bons. Costumavam acontecer em momentos de alto stress. Acho que era uma forma de me dar um descanso, de voltar ao castelinho por algumas horinhas. Já não sonho tanto mais com ele. É bem raro. Uma pena. Tenho saudade.
E quem nunca sai e nunca sofre com o meteoro? Fica lá, “feliz” e limitado, como um príncipe ou princesa desconectado da vida, da realidade. Com o tempo, tendem a ser tornar aqueles príncipes/princesas loucos de séculos passados, cheios de delírios, agarrados com unhas e dentes a uma mentira, cheios de exigências estapafúrdias, culpando o mundo por seus infortúnios imaginários, achando que todos lhe devem algo. Acho que é quem perde mais, embora possa não parecer para quem olha de fora.
No meu caso, posso hoje dizer “bendito meteoro”, apesar de tudo.
E você, onde está? Na torre, bem distante da saída; na porta do castelo – hesitante; sobre os escombros do castelo, tentando entender o que aconteceu ou já está arando a terra do lado de fora junto outros corajosos camponeses? Onde você está? Onde você quer estar? O QUE TE SEGURA?
Abs
Gabi

2 respostas para “Castelo da Cinderela: Onde você está?”

  1. Parabéns pelo trabalho!

    Desejo-lhes sucesso.

  2. Sou a Beatriz Ribeiro, e quero parabenizar você pelo seu
    artigo escrito, muito bom vou acompanhar o seus artigos.

    Visite meu site lá tem muito conteúdo, que vai lhe ajudar.

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